Conversamos com Romeo Busarello, um dos maiores profissionais de inovação e negócios do Brasil, que nos contou com exclusividade como vê a inovação no cenário atual do mercado imobiliário e compartilhou suas previsões para os próximos anos.
Romeo Busarello participará do CRECI Talk Imobi edição Florianópolis, que acontecerá segunda-feira, dia 18/11, no Sapiens Parque, em Canasvieiras. O evento é gratuito e as vagas são limitadas, aproveite!
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Como você avalia o nível de inovação no mercado imobiliário brasileiro e em Santa Catarina em comparação com outros setores e com outros países?
O mercado imobiliário evoluiu muito. Em dez anos, saímos de uma escala zero para quase 1.200 startups que compõe o universo do mercado imobiliário entre construtechs, mobitechs e proptechs.
Santa Catarina tem sido um celeiro importante de startups do mercado imobiliário. Talvez a maior concentração esteja hoje no estado, basicamente em Florianópolis. Então, penso que Santa Catarina está muito, muito à frente dos demais estados do Brasil nesse aspecto. Posso garantir que SC é uma grande protagonista mundial de inovação no mercado imobiliário.
Como a inteligência artificial está sendo utilizada para personalizar a experiência do cliente no mercado imobiliário?
A inteligência artificial é uma prioridade em todas as empresas, mas não é uma realidade. Fala-se muito não apenas em personalização, mas em hipersonalização, em possibilidades de uso da inteligência artificial no mercado imobiliário, nas quais eu acredito em todas. No entanto, temos poucos cases práticos de personalização da experiência do cliente. Têm coisas sendo pensadas, muitas pessoas falando, mas não projetos ainda muito embrionários. Acredito muito que vá, sim, haver uma personalização na jornada do cliente, mas ainda não é uma realidade, apenas uma prioridade.
Quais são as tecnologias emergentes que você acredita que terão um maior impacto no setor imobiliário nos próximos anos?
A inteligência artificial não tem como não causar grandes impactos, ela é a nova eletricidade dos negócios, então vai impactar sim o mercado imobiliário. Acredito que precisamos estar muito atentos às questões relacionadas à economia verde, pois isso vai causar uma transformação significativa no mercado, muito mais por uma questão de constrangimento do que por convicção das empresas. As empresas não vão embarcar na economia verde por uma questão de convicção, elas vão embarcar por uma questão de constrangimento e algumas por questões de convenções – “tem que fazer”, “é bonito fazer”, “isso dá visibilidade”. Mas a grande maioria vai fazer por constrangimento, ou por regulamentação ou por uma cobrança mais abrasiva dos consumidores finais.
Como a inovação pode contribuir para a construção de um setor imobiliário mais sustentável?
Inovação não tem começo, não tem meio e não tem fim. Começar é mais importante do que estar certo. Inovação atualmente é uma condição para estar no jogo. Não existe empresa hoje que não esteja inovando e que não esteja preocupada com a inovação. Ela deixou de ser uma palavra da moda para ser uma condição de gestão das empresas. Então, a inovação vai contribuir de várias formas, desde novos materiais na construção civil, melhoras na jornada do cliente, uso de inteligência artificial, produtos mais sustentáveis, uso de dados para saber as preferências do cliente. Enfim, a inovação já está contribuindo. O mercado imobiliário demorou para acordar para a questão da inovação, mas hoje vejo que as construtoras e imobiliárias, na sua maioria, estão preocupadas com a inovação, até porque existem novos modelos surgindo de empresas insurgentes que estão remodelando o mercado imobiliário.
Em sua visão, qual será o perfil do consumidor de imóveis nos próximos 10 anos e como as empresas do setor devem se adaptar a essas novas demandas?
Existem muitas mudanças em curso, a começar pelo mercado feminino. Hoje as mulheres representam uma parcela significativa de compradoras de imóveis. A mulher sempre foi uma coadjuvante, era sempre o homem o comprador. Hoje, a mulher passou a ser uma compradora e, em casos como o dos apartamentos de até 100 m² a 120 m², representa 50% da compra de imóveis. Então, essa é uma mudança significativa. Isso quer dizer que as plantas têm que ser pensadas de acordo também com as necessidades das mulheres.
Teremos dificuldades nos próximos 10 anos em encontrar assistentes do lar como temos hoje, mais conhecidas como empregadas domésticas. Este tipo de profissional vai escassear muito nos próximos anos. Por essa razão, deveremos ter plantas como as dos Estados Unidos, onde a cozinha é uma cozinha americana. Hoje, as cozinhas dos apartamentos são isoladas por paredes porque as casas têm suas assistentes do lar. Com a escassez desses profissionais, as cozinhas passam a ser cozinhas que conversam com a sala de estar, as chamadas cozinhas americanas.
Acredito que teremos um aumento no uso de novos materiais. O Brasil está acostumado com a alvenaria, mas vamos ter uma dificuldade muito grande em encontrar operários de obras em relação a isso, e também existe uma cobrança em relação à questão da sustentabilidade. Deveremos começar a usar muito o drywall, que é bastante comum nos EUA. No Brasil havia um problema de cultura do consumidor em aceitar o drywall, mas essa é uma mudança que vai acontecer aos poucos no mercado imobiliário. Existe uma avenida enorme de oportunidades em relação a isso.
Tem interesse em inovação? Então leia o artigo abaixo: